No Vozes do Cooperativismo, a trajetória da Cooperai revela como a agricultura familiar do Trairi garante renda, inovação e sustentabilidade
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A edição desta semana do Programa Vozes do Cooperativismo apresentou a trajetória, os avanços e a relevância socioeconômica da Cooperativa dos Agricultores Familiares do Município de Trairi, uma referência histórica no cooperativismo agropecuário do Ceará. Fundada em 1973, a instituição reúne mais de 380 cooperados, oferece mais de 20 serviços e atua em 10 cidades, consolidando-se como um dos principais motores de desenvolvimento do litoral oeste cearense. O programa contou com a participação de Marcelo Gordiano, assessor institucional da Cooperai, e de Péricles Roriz, gerente comercial e de comunicação, sob apresentação do jornalista Rafael Mesquita, da OCB/CE.
Com 52 anos de história, a Cooperai nasceu com o propósito de unir pequenos produtores, fortalecer associações, defender pautas do setor agropecuário e impulsionar o desenvolvimento econômico da região. Criada inicialmente por 70 produtores de farinha, castanha e amendoim, a cooperativa diversificou sua atuação ao longo das décadas, ampliando mercados e fortalecendo a agricultura familiar. Um dos destaques atuais é o fornecimento de mais de 14 mil refeições escolares por dia, garantindo renda aos cooperados, qualidade nutricional aos estudantes e movimentando a economia local. “Os valores ficam no município e geram novas oportunidades. É simbólico ver filhos dos produtores consumindo, na merenda, alimentos produzidos pelas próprias famílias”, afirmou Marcelo.
Durante o programa, os convidados destacaram o diferencial competitivo da Cooperai em relação a empreendimentos tradicionais. A cooperativa atua em toda a cadeia produtiva — da compra da matéria-prima ao beneficiamento e comercialização dos produtos. “Quando o cooperado fornece, por exemplo, a manga, nós transformamos em polpa, comercializamos e o resultado volta para ele. Todo o ciclo é pensado para gerar valor ao produtor, fortalecer sua atividade e manter o lucro dentro da comunidade”, explicou Péricles. Atualmente, a Cooperai movimenta entre R$ 2,5 e R$ 3 milhões por mês, valor significativamente maior do que seria alcançado com a comercialização individual. O modelo cooperativista amplia a renda, multiplica oportunidades e fortalece a rede de apoio técnico, social e organizacional.
A edição também apresentou iniciativas inovadoras que ampliam o impacto da cooperativa, especialmente no campo ambiental. Entre elas está o Complexo Tecnológico do Coco, projeto que transforma resíduos de coco verde — hoje um grande passivo ambiental do município — em adubos, fertilizantes e carvão vegetal ecológico. A iniciativa promove economia circular e agrega valor ao que antes era descartado. “Não queremos repetir modelos que prejudicam o meio ambiente. O resíduo do coco é imenso e não pode mais ir para os lixões ou para o litoral. Em 2026, nossa unidade deve iniciar o processamento industrial, beneficiando cooperados, a comunidade e o território”, reforçou Marcelo.
Outro avanço importante é o projeto aprovado dentro do Projeto São José, financiado pelo Banco Mundial, que permitirá a construção do engenho industrial da cooperativa. A nova estrutura ampliará e modernizará a produção de rapadura tradicional do Trairi, já presente na merenda escolar e em negociação com grandes compradores. “Com o novo engenho, o rendimento por hectare vai aumentar em até 40% e poderemos acessar novos mercados, inclusive fora do Estado”, destacou Péricles.
A Cooperai também investe na produção de frutas processadas e polpas, cortes e mini processados de hortaliças, além da expansão da cadeia do coco e da compostagem orgânica. Parcerias com empresas e instituições vêm agregando tecnologia e qualidade aos produtos, com o objetivo de ampliar a presença no mercado institucional e avançar para as gôndolas dos supermercados, com apoio do Sistema OCB/CE.
Além da relevância econômica, a cooperativa mantém forte papel social no território. Já liderou ações de renegociação de dívidas rurais, formação técnica de produtores e apoio a políticas públicas do setor. Um dos desafios atuais é fortalecer a sucessão geracional, estimulando jovens a permanecerem e se desenvolverem no campo. “Mostramos para a juventude que é possível prosperar no campo, com tecnologia, capacitação e inovação. Queremos que eles não só permaneçam no território, mas liderem esse novo ciclo da cooperativa”, afirmou Marcelo.
Os convidados reforçaram que a Cooperai é hoje uma das principais forças econômicas do Trairi e avança para uma nova fase marcada pela industrialização, acesso a novos mercados, modernização da gestão, ampliação do número de cooperados e fortalecimento da sustentabilidade ambiental. A Cooperai demonstra que o cooperativismo é capaz de transformar territórios, gerar renda e criar novas oportunidades para as famílias produtoras.
Sobre o Vozes do Cooperativismo
O Vozes do Cooperativismo é uma realização do Sistema OCB/CE em parceria com o Sistema Jangadeiro. O programa vai ao ar ao vivo todas às quartas-feiras, a partir das 13h, pela rádio Jangadeiro BandNews FM e pelos canais do YouTube da rádio e do Sistema OCB/CE. Além disso, pode ser assistido às sextas-feiras, às 21h, na Nordestv (canal 27.1), e aos sábados, às 8h30, na TV Jangadeiro (canal 12.1).
Confira a íntegra do programa desta semana AQUI.